sexta-feira, 16 de abril de 2010

Estratégia de Marketing sem PESQUISA?


A Panini Comics - principal distribuidora de quadrinhos no Brasil, fez algumas modificações em suas linhas, vamos conhecê-las e tentar entender o motivo de uma grande polêmica que ocorreu após os anuncios, entre os consumidores.

1) Redução de páginas: Novos Vingadores, X-Men, Homem-Aranha e Wolverine passam a ter 76 páginas e custar R$ 6,50. Bom, pelo menos a Panini deve colocar só o interessante nesses mixes (adeus, Miss Marvels e afins).

2) Aumento das páginas: X-Men Extra e Universo Marvel passam a ter 148 páginas e custam R$ 14,90. Avante, Vingadores! terá o mesmo esquema, mas será bimestral.

3) Revistas canceladas: Marvel MAx e Marvel Millenium Homem-Aranha foram pro saco. As histórias MAX serão publicadas em edições especiais. O fim da Ultirevista já era esperado, pois são decisões editoriais dos EUA - a última edição brasileira será a número 100, de abril.

4) Nova revista mensal: Homem de Ferro, pra aproveitar a carona do novo filme. Estreia em maio.

5) Redução de preço da DC: Liga da Justiça, Lanterna Verde, Superman, Bátema passarão a custar R$ 6,50 e 76 páginas.

6) Nova revista mensal da DC: uma nova do Bátema, ainda sem nome, substituirá o falecido Superman & Bátema. São 148 páginas e custará 14,90 cascalhos.

7) Revista cancelada da DC: Novos Titãs - será cancelada em abril.

8) DC 75 anos: edições especiais e inéditas ainda não divulgadas, mais Blackest Knight.

9) Assinatura da Panini: será reformulada, aumentando a vigência (por causa da redução de preços e cancelamentos de gibis) das revistas. Vem também um novo site da Panini em 13 de abril, com prévias inéditas e mais conteúdo, já que o antigo parece que foi feito por webdesigners de 1996.

CONSIDERAÇÕES:

Em entrevista ao site Omelete, o editor da Panini Helcio de Carvalho fala sobre a "revolução editorial". Vamos aos "melhores" momentos?

O leitor de quadrinhos médio brasileiro tem entre 15 e 35 anos. Costuma comprar quase todas as edições mensais publicadas pela Panini, bem como algumas edições especiais.

Sério? Me apresenta esse cara, porque eu nunca conheci alguém com esse perfil.
Ah, e qual foi a pesquisa que esses dados saíram? Gostaria de saber qual é!

A maioria dos leitores já deixou bem claro que compraria mais se as revistas fossem mais baratas.

Oh, meu deus! Vocês voltaram exatamente ao preço anterior E com menos páginas! Que puta negócio, heim?

E mais uma vez, de onde saiu essa pesquisa? Ah, vocês tomaram essa importantíssima edição editorial com base nas opiniões postadas no fórum do seu site? Foi isso? Caraca, que nível de profissionalismo!

Sério, galera. Olha, se essa decisão não foi tomada com bases em pesquisas de verdade (mais uma vez, leitores de seu próprio fórum não contam), eu só consigo sentir pena.

Vejam este excelente post do site Ambrosia sobre o atual custo das revistas da Panini.

Então, ao reduzirmos a estrutura das revistas para 3 histórias por edição, estamos deixando o mix mais de acordo com o que o leitor aprecia. (...) Uma revista mensal da Panini como Superman, por exemplo, passará a custar R$ 6,50, apresentando 3 histórias. Se um leitor comprasse três revistas importadas, teria que desembolsar R$ 20,85. Veja que diferença brutal!

Ok, Helcio. Vamos pegar o próprio exemplo do mix do Superman para comentar a sua declaração.

Esta é o mix do Supermam #89 que está nas bancas. A grande "Revolução Editorial" consiste em alterar alguns mixes, certo? No caso do SUperman, continuará a mesma coisa, só que com uma história a menos.

Como está esse mix que está nas bancas? 75% dele é de páginas de histórias do Asa Noturna e Pássaro Flamejante. Tem gente que gosta, mas eu odeio. Eu não quero ler isso.

Quero ler o Superman do James Robinson, do arco "Novo Krypton". Então vamos fazer a matemática?

Eu quero ler uma única história de um mix, eu tenho que jogar no lixo R$ 6,67 do valor total da revista, de R$ 8,90.

Agora vamos ver como essa reformulação será "vantajosa"? Agora teremos 3 histórias por R$ 6,50. Para ficar justo para o lado de vocês, vamos tirar mais uma história do Asa Noturna e do Pássaro Flamejante. Ficam 2 histórias desses personagens e uma do que realmente interessa, a do Superman Novo Krypton. Nesse cenário - o da revolução editorial - eu ainda teria que jogar R$ 4,87 no lixo para ler só o que eu quero.

Oh, meu deus! "Veja que diferença brutal!"

Caras, quando vocês vão aprender que MUDAR O MIX NÃO É SOLUÇÃO! De qualquer forma, você ainda estará jogando dinheiro no lixo pra ler só o que você quer!

Você diz que eu teria que desembolsar R$ 20,85 para ler três histórias importadas. Mas quem disse que eu quero ler três histórias? Eu quero ler só uma! E não quero pagar por algo que simplesmente vou pular!

Agora, se você acha que mudando os mixes está tudo resolvido... se você acha que mudando os mixes convencerá o cara que baixa scan a comprar a revista na banca, só tenho uma coisa a dizer: parabéns, campeão!

E, numa boa, R$ 6,50 não é vantagem competitiva nem aqui nem em Asgard! É o mesmo preço que estamos pagando há anos e anos!

Não temos como mensurar o quanto a pirataria afeta o mercado de quadrinhos. Mas, por exemplo, se alguém escaneia Lanterna Verde #1, disponibiliza na internet e, consequentemente, mais 50 pessoas baixam a revista, 50 exemplares deixam de ser vendidos, pois é pouco provável que quem lê uma revista pirateada và até uma banca para comprar a mesma publicação depois de lida.

Para esse argumento, o quadrinista Cadu Simões tem uma opinião;

Cadu Simões (no fórum do Omelete): Sr. Helcio de Carvalho, o sr. afirma que quando 50 pessoas baixam o scan de uma revista, deixa-se de vender essas 50 revistas. Pois bem, gostaria de saber qual base de dados ou pesquisa vc usou pra afirmar isso? Pois pesquisas sérias como essa ( http://www.hbs.edu/research/pdf/09-132.pdf ), realizada pela Universidade de Havard, uma instituição respeitada e de autoridade reconhecida mundialmente, mostra que as pessoas que mais baixam e compartilham na Internet são justamente as pessoas que mais compram essas obras.

Sr. Hélcio, o sr. também afirma que é pouco provável que alguém que lê scan vai comprar a obra impressa. Pois eu então acabo de cometer um ato de improbabilidade, pois comprei a edição Absoluta de Sandman da Panini, mesmo já tendo lido toda a obra em scan. Será que isso é algo mesmo improvável e sou um ser bizarro? Bem, não é o que mostra a já citada pesqusia de Havard (que considero bem mais confiável que os seus achismos, sr. Hélcio, que diz não ter como mensurar o impacto da pirataria pra logo em seguida sair cagando regras sem base nenhuma).

Sr. Hélcio, o sr. afirma que a pirataria está matando a produção artística. Bem, novamente essa pesquisa de Havard mostra o contrário. Nos últimos dez anos, se produziu mais, e em todos os campos artísticos (músicas, livros, filmes, quadrinhos, etc) do que nos últimos 50 anos. Bem, se pirataria está matando a produção, está fazendo um puta trabalho mal feito.

Então, sr. Hélcio, por favor, pare de tratar seus leitores como idiotas, ou como criminosos, pois nós não somos nenhum dos dois. Somos consumidores, e queremos ser respeitados como tal. Se tem de fato alguma coisa que pode acabar com uma editora, é essa falta de respeito com os leitores, e não os scans. O máximo que os scans conseguem acabar é com os quadrinhos ruins, não com os bons (algo que, infelizmente, não acontece com a maioria dos quadrinhos publicados pela Panini, mas ao menos isso, não é culpa sua).

É por isso que o Neil Gaiman (como vários outros autores) diz que não tem medo que seus quadrinhos e livros sejam distribuídos de graça na Internet, como você mesmo pode conferir ele dizer neste vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=3odgel4zU6s

Ele não tem medo, pois sabe que suas obras são boas (a grande maioria, ao menos), e que a pessoas vão querer comprá-las mais cedo ou mais tarde, quando tiverem possibilidade, mesmo que já tenham lido de graça na Internet.

Como ele diz no vídeo, o inimigo não é o fato das pessoas estarem lendo scans de graça na Internet, o inimigo é as pessoas não lerem. Ele, sabiamente, não considera as pessoas que leem na Internet como uma venda perdida, como vc faz. Pois como já disse, e como mostram diversas pesquisa, as boas obras continuaram a ser compradas, independente dos scans.

Então, sr. Hélcio, ouça o Neil Gaiman, e tente aprender com ele. Principalmente com relação ao respeito que ele tem com seus leitores, não tratando eles como idiotas e criminosos, como sr. faz.

Realmente, depois dessa, não há mais o que falar.

Como já dito aqui antes; a "Revolução Editorial" da Panini está pautada em práticas de mercado que já têm mais de 40 anos de idade. Não é revolução e não vai mudar muita coisa.

Cara, às vezes parece que os "editores" da panini vivem em uma espécie de mundo próprio... Tipo uma "Paninilândia"! Acho que os habitantes da Paninilândia estão realmente dispostos a largar os scans para comprar esses mixs "baratos" e "bem montados". Os habitantes da Paninilândia devem achar que mudar mixes em um mercado completamente revolucionário das redes sociais e virtualização é realmente uma saída de mestre!

A Paninilândia deve ser um lugar feliz... E os Panininenses devem acreditar em Papai Noel.

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