domingo, 29 de agosto de 2010

Lembra do Ferrorama? Ele voltará graças aos seus fãs na internet.


No evento social media brasil que aconteceu no final de junho, houve a palestra do Bruno Tozzini (@tozzinida) da agência DM9ddb cujo título era “Da lisergia à prática”.

Eu particularmente achei a palestra extremamente interessante pois o Bruno conseguiu relacionar o uso de uma idéia tão abstrata como a da lisergia num case digital que ficou conhecido como o “Volta Ferrorama”.

A DM9ddb possuia como objetivo o re-lançamento do Ferrorama junto a Brinquedos Estrela mas com um grande desafio: gerar um enorme buzz na internet.
Como a ação “Volta Ferrorama” começou?

Acho que não existe alguém com mais de 30 anos que não se lembre desse brinquedo né ?

Volta Ferrorama

Partindo desse fato, a DM9ddb encontrou várias comunidades dentro de Orkut repletas de fãs do Ferrorama e lançou um desafio para alguns dos membros que pediam a “volta do Ferrorama”.

Se 10 fãs conseguissem percorrer os últimos 20 km do caminho de Santiago de Compostela, com um trenzinho do próprio Ferrorama sem parar em momento algum, à Estrela voltaria o Ferrorama ao mercado !



O detalhe é que eles precisavam recolocar os trilhos na frente do vagão rapidamente pois não havia uma quantidade de trilhos para “gordura”.

Dêem uma olhada no vídeo abaixo…foi realmente necessário muita força de vontade para cumprir o desafio.



Como funcionou a ação da “volta Ferrorama”?

Segundo o Bruno Tozzini, “…o motor da ação foram as mídias sociais e energia foi dissipada pelo conteúdo instantâneo gerando um grande boca a boca diariamente…”. A DM9 usou perfis no Orkut, twitter, youtube, facebook e Flickr para a “Volta Ferrorama” sendo que a centralização das informações era feita pelo site www.voltaferrorama.com.br



Segundo o post Volta Ferromada do Entre Sem Bater, a campanha foi transmitida via satélite pelo site e um GPS possibilitava que internautas acompanhassem o trajeto e participassem assistindo instantaneamente os vídeos, fotos ou pelo Twitter @voltaferrorama.

Ainda nesse site, há atualmente uma timeline bem legal com vários conteúdos relacionando alguns pontos importantes ao longo do trajeto e uma lista de compra para os interessados no Ferrorama.

É claro que a DM9ddb e os 10 fãs fizeram de tudo para garantir o sucesso da ação e o Ferrorama voltará ao mercado em agosto de 2010.

Segundo o post Estrela completa Desafio Volta Ferrorama da revista Próxxima, O termo #voltaferrorama alcançou duas vezes o Trend Topics Brasil no Twitter para o período de maior buzz da ação.

Lá, lá, lá, Silvio Santos se deu mal!



O SBT terá que indenizar Archimedes Messina, autor do jingle "Silvio Santos vem aí", que virou símbolo na emissora, além de pagar multa por manter a música no ar, mesmo após proibição do Tribunal de Justiça de São Paulo, informa O Estado de S.Paulo.

Somadas, as duas decisões totalizam R$ 1.773.400. Para calcular o montante, o TJ fixou multa equivalente a 500 salários mínimos por danos morais, e aplicou outra conta para os danos materiais.

A sentença, proferida pelo juiz Sidney da Silva Braga, determinou que a quantia fosse correspondente ao tempo que o autor ficou sem receber pelo uso do jingle – no caso, 20 anos.

A Justiça calculou o custo da publicidade na atração que faz uso da música, o ‘Programa Silvio Santos’. “[É] a tradução mais próxima da realidade daquilo que significa a expressão econômica da utilização de uma obra artística na mídia”, diz Silva Braga no documento.

O cálculo de danos morais e materiais resultou no valor de R$ 1,4 milhão, mas isso não chega nem perto do que o programa costuma arrecadar. Equivale, na verdade, a 1% do que Silvio Santos teria conseguido com 30 segundos de anúncio em todos os 1.040 domingos em que foi ao ar com o jingle – cada slot (espaço) de 30 segundos custava R$ 136 mil em 2009.

Já a multa imposta pela continuidade da utilização do ‘Silvio Santos vem aí’ ficou em R$ 359 mil. Ela foi aplicada porque a atração do SBT manteve o jingle no ar mesmo depois de o TJ ter mandado tirar. Nesse caso, cabe recurso para contestação do valor.

Archimedes Messina iniciou sua carreira como rádio-autor na Rádio São Paulo, onde permaneceu por 10 anos. Foi autor de inúmeros Jingles da companhia de aviação Varig. De 1967 a 1990 compôs mais de cem Canções Publicitárias para a empresa. Toda vez que a empresa abria uma nova linha internacional e queria promover ou inaugurá-la, chamava Messina para viajar, para conhecer o destino e para se inspirar, criando um Jingle temático. Dizem que Messina nunca viajara por outra empresa a não ser a Varig.

Quando a empresa inaugurou a rota Lisboa, Messina criou o Jingle “Seu Cabral”, este fez tanto sucesso na rádio e na TV, que ganhou versão de marchinha carnavalesca, prêmios, liderou as paradas ao lado de “Mamãe Eu Quero” e foi vendido em disco compacto.




Em 1968, a Varig lançou a rota para o Japão. Mandaram Archimedes para lá, e ele trouxe como idéia, inspirado numa lenda japonesa o Jingle “Urasima Taro”. Esse jingle memorável, também virou marchinha de carnaval.


sábado, 28 de agosto de 2010

A “constituição” da mídia


Diz, desde 1988, o artigo 221 da Constituição brasileira:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos por lei;
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Hoje, porém, a Associação das Emissoras de Rádio e Televisão, ao lado da de Revistas e de Jornais - que entram para fazer coro, pois não se tratam de concessões públicas e, portanto, não estão sob influência estatal - soltaram uma nota alertando sobre o que chamaram de “ ameaças à liberdade de expressão contidas no Decreto” que cria o Plano Nacional dos Direitos Humanos.

Que ameaças são estas?

Como sempre gosto de mostrar os fatos antes de dar opinião, vou transcrever o que diz o decreto, nas diretrizes que falam de comunicação social.

“Propor a criação de marco legal regulamentando o art. 221 da Constituição, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos, permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação, (note bem, serviços concedidos pelo Estado, não a “imprensa” em geral) prevendo penalidades administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo com a gravidade das violações praticadas.”

“Promover diálogo com o Ministério Público para proposição de ações objetivando a suspensão de programação e publicidade atentatórias aos Direitos Humanos”.

“Elaborar critérios de acompanhamento editorial a fim de criar ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios de Direitos Humanos, assim como os que cometem violações.”

E agora, a parte que doeu:

“Suspender patrocínio e publicidade oficial em meios que veiculam programações atentatórias aos Direitos Humanos.”

Não há uma palavra nas diretrizes do plano que contrarie o que está estabelecido na Constituição. Ao contrário, apenas torna efetico o princípio estabelecido na Carta, que é hoje, na prática, letra morta.

Leia, um por um, os quatro itens do Art. 221, e veja se, honestamente, algum deles é respeitado.
A falsa entrevista com integrantes do PCC no Programa do Gugu: liberdade de expressão?

Falsa entrevista demembros do PCC ao Programa do Gugu: liberdade de expressão?

A emissoras de rádio e de televisão veiculam o que lhes interessa, da maneira que lhes interessa, com o único objetivo de faturar. Nada impede estes empresários de fazê-lo, em qualquer atividade que não dependa de concessão pública. Com rádio e TV, não.

Porque, ao receber o direito de ganhar dinheiro com a exploração de publicidade num espaço público como é o espectro de radiodifusão, aquelas condições estavam estabelecidas. É, para usar a linguagem que eles gostam, um contrato, que às duas partes obriga.

Mas não é o que eles acham. Concessão de canal de rádio e televisão é como eram os cartórios: eternas, hereditárias, “imexíveis”.

As regras escritas da Constituição não valem. Não vale regra nenhuma. Veja o que disse o sociólogo Lalo Leal Filho, anos atrás, naquele episódio da falsa entrevista com supostos integrantes do “Primeiro Comando da Capital”, organização criminosa de São Paulo, veiculado no programa de Gugu Liberato:

Como avalia o caso do escândalo do programa Domingo Legal?

L.L.L.F. – Este caso é conseqüência de um processo que vem se arrastando há muito tempo. Decorre da falta de uma legislação atualizada a respeito do funcionamento das concessões públicas de TV. A televisão no Brasil opera num vácuo legal, sem nenhum tipo de controle. Se os programas que vêm exibindo constantemente as chamadas “pegadinhas” já tivessem sido punidos, talvez esse episódio específico não tivesse acontecido.

Por que o programa Domingo Legal chegou ao ponto de apelar para uma fraude jornalística e para a apologia ao crime?

L.L.L.F. – Por causa da lógica de mercado imposta às emissoras de TV. No Brasil, concessões públicas operam sobre a lógica da concorrência comercial. Deste modo, as emissoras não refletem sobre o que apresentam ao público. Acabam por priorizar a audiência. Em busca dela, apela-se para qualquer recurso, independente dos valores éticos ou morais.

O que permite que esse tipo de abuso ocorra na programação televisiva?

L.L.L.F. – Falta de responsabilização legal e social das emissoras. Os concessionários operam sem nenhum tipo de responsabilização pelo que fazem. É apenas isto.

É isso, nenhum tipo de responsabilização pelo que fazem, nem pelo que assumiram o compromisso de fazerem, quando receberam as concessões.

Fazer com que cumpram os contratos que assinaram, para eles, é “chavismo”.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Maior Jogada de Marketing dos Quadrinhos de Todos os Tempos

A morte do Super-Homem foi uma jogada de marketing como poucas na história das histórias em quadrinhos.
Em 1992, o Super-Homem passava por um dos períodos mais negros de sua longa história editorial. As vendas dos títulos do azulão como um todo despencaram de uma maneira tão alarmante nos Estados Unidos que, não fosse ele um respeitável senhor de 54 anos de idade e um dos maiores ícones das histórias em quadrinhos, provávelmente seus títulos caminhariam para o cadafalso.

Para evitar que tal medida drástica - e que, convenhamos, traria mais danos do que benefícios, visto o montante de dinheiro que a marca Super-Homem movimenta anualmente em merchandising - fosse tomada, o editor do Super na época, Mike Carlin, reuniu a equipe responsável pelos títulos da personagem, composta por Louise Simonson, Roger Stern, Dan Jurgens, Jerry Ordway, Jon Bogdanove, Tom Grummett, Jackson Guice, Dennis Janke, Rick Burchett, Doug Hazlewood, Denis Rodier e Brett Breeding para planejar uma linha de ação que colocasse o herói novamente no centro das atenções da mídia especializada e, com isso, fizesse com que as vendas de seus gibis se reaquecessem.

Dessa reunião, ficou decidido que o melhor a se fazer seria criar uma grande saga onde o Super-Homem enfrentaria um novo vilão. Esse inimigo seria uma espécie de "Hulk", que se envolveria em um tremendo embate com a Liga da Justiça e o Super-Homem. Ao fim da história, o Super-Homem conseguiria deter o vilão, pagando a vitória com a própria vida. (Claro que não tenho a mínima idéia de como se deu essa reunião, estou só brincando com a hipótese).

A solução da DC para dar uma sacudida no marasmo que dominava as histórias do Super-Homem até então deu certo. A simples menção de que a editora planejava matar seu maior ícone fez com que não só as atenções da mídia especializada, mas também de outros setores da mesma, voltassem-se para a personagem.

Até o Fantástico fez uma matéria sobre o evento. Além disso, a morte do Super-Homem gerou um belo lucro, já que, da história - e suas consequências -, surgiram novas personagens e títulos. Até um game para Mega e SuperNes, intitulado Death and return of Superman chegou ao mercado. A edição que mostrava o desfecho da grande batalha entre o Super e seu assassino vendeu pra caramba na terra do Tio Sam.

No Brasil, a coisa não foi muito diferente. A editora Abril preparou uma campanha especial para o lançamento da edição, que trazia 160 páginas contendo toda a saga. No pacote, vinha ainda um pôster do enterro do Super, no qual os maiores heróis da editora carregavam seu caixão, uma cópia da Superman 75 e um jornal fictício analisando as repercussões do evento. Eu me lembro de amigos que nunca tinham comprado um gibi fazerem fila pra adquirir o pacote, só porque trazia a morte do Super-Homem. Eu mesmo, que havia anos não acompanhava o azulão, garanti o meu exemplar.

Uma matéria do extinto programa Top TV, da Record, sobre o assunto na época.



A morte do Super-Homem foi um exemplo do que uma boa campanha de marketing pode fazer para ressuscitar as vendas de uma personagem. Mas, e a história em si? Seria a Morte do Super-Homem também um exemplo do que poderíamos chamar de um clássico dos quadrinhos, algo no mesmo patamar de um Cavaleiro das Trevas ou A Piada Mortal? Posso garantir que não. A história, como veremos na resenha a seguir tem a maior cara de coisa feita às pressas.

Sinopse: Durante sua participação no talk-show de sua amiga Cat Grant, o Super-Homem é informado que um monstro desconhecido está causando problemas no meio-oeste norte-americano. A intervenção da Liga da Justiça da América - da qual é presidente - está se mostrando incapaz de contar o avanço e o rastro de destruição insano da criatura, batizada pelo Gladiador Dourado como Apocalypse.

Um a um, os membros da Liga caem contra a criatura, obstinada em dirigir-se para Metrópolis. E o que era apenas um chamado ocasional para deter uma ameaça se mostra bem mais sério e preocupante, quando o Super-Homem se envolve na maior batalha de sua vida.

E o mundo viverá um de seus dias mais negros, quando perderá seu maior campeão.
Positivo/Negativo: Em 1992, as vendas do Super-Homem estavam baixas. Não apenas isso, o herói perdia popularidade a cada dia para personagens com atitudes mais agressivas e era taxado como ultrapassado por muitos leitores.

A DC tentava reerguê-lo e mantê-lo no padrão de qualidade e popularidade que experimentara após a reformulação de John Byrne, que inegavelmente - a despeito de se gostar ou não das mudanças feitas - injetaram uma boa dose de revitalização no personagem na segunda metade dos anos 80.
A editora fez Lois e Clark namorarem, quebrou o "segredo" da identidade ao permitir que ela descobrisse que ele e o Super-Homem eram a mesma pessoa, noivou o casal, matou Luthor e trouxe seu jovem "filho" para assumir seu lugar e também a Supermoça introduzida por Byrne em seu último arco antes de deixar as aventuras do Homem de Aço, entre outras reviravoltas.

Mas o fato é que, com apenas algumas aventuras realmente boas, o herói infelizmente se enfiava em pastelões como ilhas perdidas repletas de dinossauros, trogloditas e cientistas nazistas com pedras mágicas nos últimos anos. Tramas de difícil digestão para os fãs de longa data e mais ainda para os ocasionais, que preferiam ler os mutantes da Marvel ou conferir os novos personagens da Image.
Então, a cartada derradeira para atrair novamente a atenção dos leitores e mostrar não apenas a relevância do personagem para a mídia quadrinhos, quanto seu poder junto ao público foi dada com o anúncio de que a DC iria simplesmente, matá-lo na edição Superman # 75, a mesma que estava antes programada para apresentar outro evento importante: o casamento de Clark e Lois.

Enquanto a história era tecida e os parâmetros de toda a saga eram estabelecidos, a mídia do mundo todo espalhou a notícia e a editora imprimiu em suas revistas o hoje histórico anúncio: Doomsday is coming for Superman! (O Apocalyse está vindo para o Super-Homem!). Como seria revelado depois, este era o nome do monstro que mataria o personagem.

A história é desenvolvida em sete capítulos, e apenas no último a anunciada morte acontece. Os anteriores servem para apresentar a tentativa da Liga de impedir o monstro e depois a perseguição alucinante que o Super-Homem empreende à criatura enquanto os dois vão deixando um rastro de destruição por onde passam.

A intenção clara é gerar um efeito de tensão crescente e mostrar o poder do Apocalypse, que derrota toda a Liga facilmente.

Os autores acertaram ao mostrar que, inicialmente, a ameaça é tida como algo rotineiro pelos heróis, "mais um monstro à solta" e apenas depois de um nível de destruição acima do "normal" para uma HQ, a coisa é revelada como realmente séria. Foi o modo de explicar o não-envolvimento de outros seres com níveis de poder próximos ao de Kal-El na caçada a Apocalypse.

Aqui, aparecem os dois primeiros senões. Primeiro, a Liga resume-se a heróis do segundo escalão, oriundos da fase de Keith Giffen na direção da revista depois de serem recauchutados por Dan Jurgens, que minimizou o elemento cômico e trouxe o Super-Homem para liderar a equipe.

Besouro Azul, Máxima, Gelo, Bloodwynd, Fogo e um Guy Gardner armado com um anel energético amarelo compõem a equipe e nem de longe têm o carisma ou impacto que a formação "clássica" teria participando de um evento importante como a morte do Super-Homem.

O grupo serve apenas de "bucha de canhão", mas é inegável que a forma impressionante como Apocalypse nocauteia todos tão rápida e violentamente é chocante.

Em segundo lugar, chega-se à essência da história. A trama foi arquitetada de forma extremamente simples: um monstro desconhecido aparece, causa muita destruição e termina por enfrentar e matar o Super-Homem. A verdadeira carta na manga era o que estava por vir depois, com seu funeral e, por fim, o retorno (ponto alto da saga).

Fica a impressão de que este "primeiro capítulo" foi estendido demais sem necessidade, apenas para permitir que cada uma das quatro equipes criativas, mais o time do título da Liga da Justiça (do qual Dan Jurgens também era roteirista) pudessem criar seu próprio episódio.

A luta entre Super-Homem e Apocalypse, apesar de mostrada sempre com sensacionais seqüências, socos, explosões etc., torna-se enfadonha e tem seu efeito um pouco minimizado quando chega-se ao clímax. Ainda assim, a caçada é sensacional e repleta de cenas que dificilmente cansam a leitura, principalmente dos leitores ocasionais.

A DC tinha planos para Apocalypse no futuro, mas quando a história foi criada, ele foi desenvolvido como - nas palavras de Dan Jurgens - "uma força da natureza", um ser de pura brutalidade e desejo de destruição, só isso e nada mais.

Apesar do visual bastante assustador e de toda a fúria irracional que mostra (capaz de fazer inveja ao Hulk nos seus piores dias), o monstro tem a profundidade de uma porta. Não teria sido mais interessante que o intento fosse conseguido por obra de um de seus inimigos, como Luthor ou Brainiac? Ou ainda que eles estivessem por trás da criação de Apocalypse?

Aliás, esta não é a primeira "morte" do Super-Homem. Jerry Siegel, o co-criador do personagem em pessoa, escreveu um conto imaginário em 1948 no qual Luthor mata o herói e, por ser uma história que não entraria na cronologia, a sua morte lá é definitiva.

Hoje, Apocalypse ganhou mais complexidade como personagem, apesar de seu uso em aparições completamente desnecessárias e com o intuito de ganhar uns tostões a mais ter diminuído em muito toda a aura de impacto do único ser que conseguiu realmente matar o Super-Homem.

O mais discutível dos pontos é o fato do Super-Homem também "matar" Apocalypse. Isso fere o que, para a maioria dos fãs do herói, é seu mais precioso valor: o de jamais tirar uma vida, não importa a que preço.

É fato que esta versão do personagem já havia executado os três vilões da Zona Fantasma no último arco escrito por John Byrne, mas as repercussões foram seriíssimas para o Homem de Aço. Ele desenvolveu dupla personalidade para lidar com o remorso e se exilou no espaço quando descobriu a ameaça que podia representar. E jurou novamente jamais tirar outra vida simplesmente porque "o Super-Homem não deve matar".

Na parte final da revista, Kal-El abandona as tentativas de refrear o monstro e parece obstinado em incapacitá-lo de forma definitiva, culminando nos dois se esmurrando até a morte.

Um grande furo do roteiro é na parte em que Apocalypse continua seu rastro de destruição quando vê numa TV de supermercado um anúncio de luta-livre que conclamava um "grande confronto" em Metrópolis. A partir daí, ele se dirige para a cidade e até esboça princípios de fala inarticulada.

Ora, para um ser alienígena e irracional, que só tinha ódio e fúria em sua mente, ele se saiu muito bem entendendo uma propaganda de TV em inglês e lendo uma placa de estrada (estava escrito Metrópolis). E ainda faz uma associação entre tudo isso (como observado pelo próprio Kal-El), resolvendo se dirigir para a cidade. A mancada foi tão abismal que em A Revanche, Dan Jurgens tentou por panos quentes na coisa e criou uma explicação bem mais verossímil para a seqüência.

A construção dos personagens sempre foi o ponto alto desse período nos títulos do Super-Homem, e Jurgens, Ordway, Stern e Simonson mantêm o padrão de qualidade. É interessante nota como o herói seguro e confiante desta edição, que afirma ao moribundo Guy "Não se preocupe, Guy, vou cuidar de tudo" (frase que resume a essência do seu comportamento obsessivo em ajudar o próximo e solucionar problemas), deu lugar ao personagem inseguro e cheio de dúvidas dos últimos anos.

Ainda sobra espaço para se explorar um pouco de Lois, Jimmy, Cat Grant, Bibbo, o professor Hamilton, a UCE e o projeto Cadmus. A profusão de personagens coadjuvantes das aventuras do Homem de Aço na época não chega a comprometer a história e até atenua o excesso desnecessário de páginas já citado, com suas aparições e a forma como procuram, cada um à sua maneira, ajudar o personagem.

Do ponto de vista artístico, A Morte do Super-Homem foi produzida numa época de excelência criativa. Dan Jurgens é tido até hoje como um dos melhores ilustradores do personagem em sua fase pós-Crise nas Infinitas Terras. Jon Bogdanove ostentava na época o título de "sucessor espiritual de Joe Shuster" por sua representação do Homem de Aço, que em muito se assemelhava à de seu co-criador. Tom Grummet também mantinha o bom nível dos títulos que cuidava. Jackson Guice era o único irregular. Ele possui uma tendência ao hiper-realismo bastante interessante e sabe trabalhar fisionomias, mas quando o assunto são cenas de ação, falha seguidamente em imprimir ritmo. E como são justamente estas que compõem 90% da história...

Jurgens ainda introduziu um elemento surpresa na edição 75 de Superman, apresentando toda a revista com páginas de splash, ou seja, um painel gigante por página, somando 22 que mostram a morte do super-herói da Terra.

É justamente este último capítulo o melhor de toda a revista. Repleto de tensão e senso de urgência, mostrando o Super-Homem desesperadamente tentando deter Apocalypse nas ruas de Metrópolis e sendo acompanhado por Lois e Jimmy. A decisão de focar a trama nos três personagens que são o alicerce das aventuras do kryptoniano há décadas é digna de aplausos e mostra como a história, realmente, poderia ter sido mais enxuta.

A unidade entre as equipes que cuidavam dos quatro títulos norte-americanos do personagem era orquestrada por Mike Carlin; e é a ele, sem dúvida, que se deve o crédito de coordenar tão bem a sinfonia de eventos e arcos que foi a grande saga da Morte e Retorno do Super-Homem. Se é verdade que alguns eventos poderiam ter sido mais condensados, é preciso lembrar do aspecto financeiro e da necessidade de vender mais revistas.

Era evidente que o Super-Homem voltaria, mas ninguém imaginava que sua morte era apenas o começo de uma longa saga editada no decorrer de um ano, com reviravoltas sensacionais e conseqüências que persistem até hoje tanto na história do Homem de Aço, quanto na de outros heróis, como o Lanterna Verde Hal Jordan. Além disso, apresentou uma série de novos personagens que se tornariam de relevância única para Kal-El e o Universo DC nos anos vindouros.

A Abril fez um trabalho ímpar na época. Enquanto passava o título mensal do Super-Homem para três histórias estreladas por ele para apressar a continuidade, antecipou o lançamento da Morte em um ano (com direito a uma providencial nota explicativa no começo da revista sobre fatos e personagens ainda inéditos na época).

Junto com a requintada edição especial, a começar pela capa que mostrava o "S" sangrando - símbolo da saga - em alto relevo e efeito metalizado e o miolo em papel LWC, vieram brindes. Era um pacote sensacional que, além da edição, trazia um fac-símile de Superman # 75 em formato americano mostrando os momentos finais e decisivos da luta entre Super-Homem e Apocalypse, uma revista Newstime sobre a morte do herói, com depoimento de celebridades e matérias, e além um belo pôster ilustrado por Dan Jurgens retratando o cortejo fúnebre do herói, acompanhado por todos os grandes personagens da DC.

Isso numa época em que a editora reduzira o número de páginas dos outros três títulos DC que publicava - DC 2000, Novos Titãs e Liga da Justiça - por conta da crise em que o país atravessava.

A editora apostou alto e o sucesso foi grande, a ponto de ela fazer um trabalho ainda superior no primeiro número de O Retorno do Super-Homem.

A edição serve também de curiosidade história por conter o preço tabelado, um recurso que a Abril usou durante meses antes de o Plano Real ser implementado e consistia em atribuir um código a cada publicação correspondente a um valor que variava mensalmente.

Nas páginas deste especial, o personagem ainda é chamado de "Super-Homem", pois só em 2000, quando a editora mudou sua linha editorial de super-heróis do formatinho para a luxuosa Linha Premium, ele passou a usar o nome em inglês.

A Morte do Super-Homem seria ainda relançada duas vezes pela Abril. A primeira foi em outubro de 1994, quando a editora pôs nas bancas o primeiro número do Retorno, mas esta edição não vinha com o efeito metalizado no "S" da capa nem os brindes. A segunda foi pouco antes do cancelamento de seu trabalho com os heróis DC, em 2002, desta vez em formato maior e como uma minissérie em três partes, sendo a última com a famosa capa de Superman # 75.

A despeito de seus problemas, A Morte do Super-Homem é uma leitura obrigatória para qualquer fã do herói, assim como outras clássicas como O Homem que tinha tudo, Precisa haver um Super-Homem? etc.

Não foi a morte como muitos fãs gostariam de ler, com certeza, mas ninguém jamais se esqueceu dela nos últimos 12 anos e toda a sua repercussão e importância fazem da revista uma das mais importantes lançadas nos anos 90. Se não pela qualidade do texto, pelo impacto cultural e econômico que teve em toda uma geração de leitores, criadores e na mídia dos quadrinhos em si.

Walter Negrão diz que horário de verão pode atrapalhar ibope de "Araguaia"


A estreia da nova novela das 18h da Globo foi marcada para 27 de setembro por causa do horário de verão.

"Araguaia", que será protagonizada por Cleo Pires, entre outros, vai estrear três semanas antes de o público ter que adiantar o relógio em uma hora para "fidelizar" o espectador.

A informação é da coluna Outro Canal, assinada por Audrey Furlaneto e publicada na Folha desta quarta-feira (25).

"[Com o horário de verão] as pessoas ficam mais tempo na rua", diz o autor Walther Negrão.

"E, se perdem os primeiros capítulos, pensam: 'Já perdi o começo, não vou acompanhar mais'", completa.

Bizarrices e Afins.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Frank Miller dirige comercial da Gucci em 3D



O quadrinista Frank Miller (Batman, Sin City) é o diretor de um comercial de Gucci, em 3D, promovendo o perfume Gucci Guilty.



Segundo a Gucci, a fragrância inclui patchuli, tangerina e lilás e se destina a mulheres ousadas, que preferem se arriscar a esperar por alguma coisa.



A diretora de criação Frida Giannini chamou Miller para elaborar uma graphic novel transformada num filme de curta-metragem em 3D. O comercial tem duração de um minuto.



O elenco é composto pelos atores Chris Evans (de Quarteto Fantástico, Os Perdedores e Capitão América: O Primeiro Vingador) e Evan Rachel Wood (de Treze - Inocência Perdida, O Lutador e True Blood).



Uma mulher numa roupa de couro preto cruza uma ponte dirigindo um Jaguar branco, modelo 1953, com as rodas traseiras em chamas, ao som de uma versão remixada de Strange Love, do grupo Depeche Mode. O carro para repentinamente e ela desce do veículo. O filme corta para um flashback de um encontro da mulher com um estranho num bar.


O comercial será lançado em 12 de setembro, no MTV Video Music Awards.

SBT tropeça na vinheta comemorativa de seu 29º aniversário



O SBT mandou fazer uma vinheta bonita para o seu aniversário de 29 anos. Uma peça, provavelmente produzida fora, apresentando todos os artistas da casa em diferentes formas e situações, fechando com a figura do dono. E nem poderia ser diferente.



Tudo lindo e maravilhoso, menos um detalhezinho: botaram de fundo uma música cantada em inglês. Em inglês, é bom repetir. Depois se queixam quando falam.



Naturalmente alguém teve essa ideia e outro alguém aprovou, mas é uma das coisas mais absurdas que se tem notícia nos últimos tempos. Um equívoco lamentável.



E o SBT, como sempre fez, se coloca como uma emissora popular. Por certo, a maior parte do seu público gostou da nova vinheta, que realmente tem um trabalho de criação interessante e está bem finalizada, mas não entendeu rigorosamente a mensagem passada pela música.



A festa dos 29 anos, vamos combinar, poderia muito bem passar sem essa.




Vai e vem



Quase um ano depois da primeira tentativa, o "Programa das Loiras" está novamente em pauta no SBT. Formato da Eyeworks, um game show, que agora terá a apresentação do José Américo e direção do Ricardo Perez.


Já foram autorizadas as gravações de 4 pilotos.



É bem possível que Maria Cristina Poli, depois da saída do Alexandre Machado, passe a acumular a apresentação com a editoria do novo "Jornal da Cultura". E o caminho mais lógico parece que é esse.




Pilha nova



A Bandeirantes deu mesmo início às gravações da terceira temporada do "É tudo improviso". Serão mais 12 episódios.



Como novidade, os atores César Gouveia e Diego Becker agora no elenco fixo do programa.



Ainda não tem dia para voltar ao ar, mas existem boas chances de ser ainda este ano.



Mudança



Na Rede TV!, com a estreia do reality "O Último Passageiro", domingo que vem, 8 da noite, o "Momento Pânico" – 15 minutos recordando coisas antigas do próprio "Pânico" - deixará de ser apresentado.



E há indícios que deve sair do ar definitivamente.



Oficial



O lançamento da sitcom "Anjos do Sexo" na Bandeirantes ficou mesmo para 2011. Depois do Carnaval.



Houve o entendimento que seria arriscado colocar o produto agora no ar, por causa das eleições, ou entre janeiro e fevereiro, período de férias.




Cruzamento de mídias



Um programa da Gazeta FM, na linha de música e entrevistas, poderá migrar para a TV Gazeta – São Paulo, naturalmente com os devidos ajustes.



A intenção é levar o Ibope do rádio para a televisão – e vice-versa.




Time escalado



Douglas Tavolaro definiu os mediadores dos debates da Record para Governador, em vários estados, no dia 20 de setembro:



Luciana Liviero – São Paulo



Janine Borba – Rio de Janeiro



André Haar – Rio Grande do Sul



Eduardo Ribeiro – Bahia



A propósito



Eduardo Ribeiro, um dos bons valores do jornalismo da Record, com trabalho importante na Record News, acaba de renovar seu contrato.



Assinou por mais dois anos.



Novo programa



"Classe Turista", sobre brasileiros espalhados pelo mundo, é uma das próximas novidades na programação da Bandeirantes.



Vai ser exibido durante as férias de "A Liga" nas noites de terça. A propósito, a mesma Band já confirma a segunda temporada de "A Liga", para exibição no ano que vem.




A movimentação no meio continua forte. Romeu Paris deixou a Bandeirantes na sexta-feira e começa hoje na Cultura. Vai dirigir a área de operações.



A apresentadora Márcia e toda a sua equipe de produção tiveram um fim de semana com muito trabalho.


No sábado e domingo foram realizados o pré-light do novo cenário e algumas gravações, ainda em fase de testes, para o novo prog

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Publicidade na Política

Em ano de eleições, veja dez momentos inesquecíveis da propaganda eleitoral no Brasil

Desde a reabertura democrática, em 1985, o Brasil passou por cinco campanhas eleitorais nacionais no rádio e na televisão. Na véspera de o sexto ciclo se iniciar, o UOL Eleições escolheu dez vídeos disponíveis na internet que marcaram época ou lançaram tendências nas corridas presidenciais desde então.

Candidato que mais eleições disputou e que ficará fora da votação pela primeira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem três vídeos selecionados. O presidenciável tucano José Serra também está na lista, com uma inserção datada de 2002 na qual utilizou a atriz Regina Duarte.

Dois ex-presidentes, Fernando Collor, hoje senador pelo PTB, e Fernando Henrique Cardoso, também figuram na lista – ordenada cronologicamente. Uma candidatura abortada durante as eleições de 1989, propagandas de dois nanicos e a utilização de debates televisivos nos programas gratuitos completam o grupo.

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Meu nome é Enéas. Quinze segundos era tudo de que Enéas Carneiro (PRONA) dispunha no horário eleitoral de 1989. Ainda assim, conquistou 361 mil votos. Além do voto de protesto, o candidato atraiu também os fãs de sua oratória veloz e concisa, notoriamente conservadora. Voltou a se candidatar outras vezes, uma delas até sem a barba característica, por conta de um câncer. Mas manteve o bordão até a morte e fez da frase um mote para todos os outros membros de seu pequeno partido.

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Silvio Santos presidente. Um terremoto atingiu a eleição de 1989 quando o apresentador Silvio Santos, supostamente incentivado pelo presidente José Sarney, anunciou sua candidatura, com a campanha já em curso. Por isso mesmo, nem sequer seu nome estaria na cédula eleitoral. Favorito, Collor viu sua base de apoio se abalar. Os esquerdistas Lula e Leonel Brizola se viram fora de um eventual segundo turno. Apesar disso, Silvio foi forçado a desistir, depois de problemas com registros do partido pelo qual queria ser candidato e investigações da imprensa sobre seus negócios.

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Debate Maluf x Brizola. Nas primeiras eleições para presidente da República, os candidatos podiam exibir trechos editados dos debates durante o horário eleitoral gratuito. Seria tudo muito normal se as imagens não fossem editadas. E ganhassem um narrador. E depoimentos de eleitores favoráveis ao candidato que exibe as imagens. A famosa discussão entre Paulo Maluf e Leonel Brizola na TV Bandeirantes ganhou cores peculiares no programa malufista. Por estreita margem, Brizola acabou fora do segundo turno.

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Collor ataca Sarney. Quando iniciou a disputa pelo Palácio do Planalto, Fernando Collor era apenas um bem avaliado governador de Alagoas que tinha suporte de uma rica família local. Acabou eleito em uma campanha que aliou pesquisas quase diárias sobre a postura necessária para o candidato, truques de marquetagem e, como mostra este vídeo, ataques pesados contra o presidente Sarney, hoje seu aliado. Em nenhuma campanha desde então um candidato a presidente atacou um ocupante do Palácio do Planalto de forma tão veemente como Collor fez em 1989. No fim do vídeo, ele ataca Silvio Santos, que supostamente apresentou candidatura incentivado por Sarney.

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Lula lá. É o jingle mais conhecido das eleições brasileiras. Foi usado pela primeira vez no segundo turno das corrida pelo Palácio do Planalto em 1989, quando o atual presidente foi derrotado por Fernando Collor de Mello. É a primeira produção que aposta no apelo de artistas para endossar o presidenciável – Collor também os usou, mas em número bastante menor. Em 2002, a campanha petista repaginou o jingle e o utilizou novamente no segundo turno, quando venceu Serra.

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Levanta a mão. Cerca de um ano antes das eleições de 1994, o PSDB cogitava formar uma aliança com o PT para eleger Lula presidente e Tasso Jereissati vice. Ocupante do Palácio do Planalto após a renúncia de Collor, Itamar Franco não tinha candidato para sucedê-lo. Até que surgiu o Plano Real e um dos seus artífices, o ministro Fernando Henrique Cardoso, despontou como candidato da continuidade. O tom positivo da campanha, desde o início, contrasta com os protestos de conservadores e progressistas na votação de 1989. A inspiração também veio dos Estados Unidos, onde Bill Clinton foi eleito em 1992 abusando de comerciais nos quais aparecia trabalhando no escritório.

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Regina Duarte tem medo. O espírito do tempo indicava muito antes da votação de outubro de 2002 que Luiz Inácio Lula da Silva seria o provável presidente do Brasil a partir de 2003. Com a ampla vantagem do petista no primeiro turno e a vitória se insinuando por ampla margem no segundo, a campanha do tucano José Serra usou um expediente que se voltou contra ela própria: mostrou a atriz global Regina Duarte associando Lula à situação da Argentina, que vivia cercada de panelaços no apagar das luzes do governo Fernando de la Rúa. “Eu tenho medo”, disse Regina. Dias depois, o PT lançou a campanha “A Esperança vai Vencer o Medo”. Outra atriz, Paloma Duarte, gravou uma resposta em defesa do petista, que acabou vitorioso.

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Agora é Lula. Por pouco a vitória não saiu no primeiro turno. Para atrair o que chamou de “eleitor quase Lula”, o marqueteiro Duda Mendonça criou essa peça. Usou o mote da campanha – indicando que depois de três fracassos a vez do petista tinha chegado. Mas também incluiu os ex-rivais Ciro Gomes e Anthony Garotinho, para indicar o isolamento político de Serra. É uma das referências de propaganda para o novo PT, por ser despida de críticas à situação do país e se esforçar para gerar apenas sentimentos positivos nos eleitores.

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Ey, Ey, Eymael. Se não tem a notoriedade de “Lula lá”, o jingle de José Maria Eymael (PSDC) ao menos é mais antigo: foi usado pela primeira vez nas eleições paulistanas de 1985, quando o democrata cristão tinha Gilberto Kassab como vice. Usou a música para candidaturas a deputado federal e, finalmente, para a Presidência da República, na morna disputa de 1998. Voltou a se candidatar em 2006, de quando o vídeo foi retirado, e repetiu a música como seu carro chefe. Para estas eleições, ele promete mais do mesmo: a canção mais grudenta da história eleitoral brasileira com pouquíssimas mudanças.

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Privatizações tucanas. Não tinha sido um assunto na campanha presidencial de 2006 durante o primeiro turno. Mas quando o tucano Geraldo Alckmin surpreendeu e forçou uma segunda votação, a campanha reeleitoral de Lula explorou a percepção popular de que as privatizações de empresas públicas fizeram mal ao país. Depois de essa peça ser exibida na propaganda eleitoral, Alckmin usou um macacão repleto de emblemas de estatais para rejeitar a hipótese de que privatizaria se fosse eleito. Mas o estrago à sua candidatura já estava feito.

Vamos aos vídeos:




















domingo, 15 de agosto de 2010